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Rede de saúde notifica mais de 29 mil casos de mulheres agredidas no Rio
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Elas têm entre 20 e 29 anos, foram espancadas ou agredidas dentro de casa, pelos maridos, namorados ou ex-companheiros, e, quando chegam aos hospitais, mesmo feridas, não costumam revelar os motivos de tanta violência. Este é o perfil da mulher vítima de agressão que procura atendimento em hospitais, clínicas e postos de saúde do estado do Rio, traçado a partir de uma pesquisa inédita realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Entre janeiro de 2013 e 3 de junho deste ano, foram notificados 29,3 mil casos de mulheres agredidas na rede de saúde, uma média de 716, 34 vítimas por mês.

Ao escolher analisar o problema da violência doméstica pelo foco da saúde pública, explica a pesquisadora Janaína Fernandes, os especialistas da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da FGV procuraram respostas — ou pelo menos caminhos — para entender o impacto deste tipo de violência no sistema de saúde. E, num segundo momento, ajudar o poder público a oferecer suporte a estas mulheres já dentro das unidades hospitalares.

— É importante ressaltar que nem toda a vítima de violência procura o hospital e a delegacia para denunciar. A violência física passou a ser uma notificação de agravo desde 2011, quando os hospitais, postos de saúde e clínica passaram a ser obrigados a registrar os casos no sistema do SUS. Começamos, então a ter um banco de dados da saúde. E nossa pesquisa é em cima deste viés da saúde, porque temos o objetivo de ajudar o poder público a tomar medidas protetivas, preventivas e educativas já no próprio hospital, quando a vítima for ser atendida — diz Janaína Ferreira, acrescentando que os pesquisadores têm consciência de que existe subnotificação quando o tema é violência de gênero — Nem toda a vítima de violência procura o hospital e a delegacia para denunciar — completa Janaína, coordenadora da pesquisa.

Ao debruçarem-se sobre os registros da rede pública de saúde estadual, os especialistas puderam traçar um retrato da vítima, do agressor, além de detalhar os locais das agressões, o tipo de violência notificada, entre outros aspectos. E alguns números surpreenderam os pesquisadores.

— Achamos impressionante que 71.6% das vítimas que sofrem violência física e procuram unidades de saúde são do sexo feminino. Outro dado alarmante é o perfil do agressor: 64,25 são conhecidos da vítimas e, entre estes, 60,65 são maridos, namorados ou ex. Além disso, os números mostraram que 4,7% das mulheres que procuraram as unidades de saúde vítimas de violência estavam grávidas — conta a pesquisadora da FGV.

Outro dado comprova o que a maioria das mulheres convivem com a violência dentro de casa: a maioria das notificações de violência física relatam que o fato ocorreu na residência das vítimas (52,7%), seguido pelas ocorridas em local ignorado ou não informado (22,5%). Além disso, em 35,6% das notificações o fato havia ocorrido mais de uma vez.

A pesquisa mostra que a maioria das vítimas que buscaram ajuda em unidades de saúde têm entre 20 a 29 anos (30,60%). Com relação à cor ou raça da vítima, 31,4% se declaram pardas, 29,8% se declaram brancas e 14,1% se declaram negras. No entanto, 23,7% não declararam sua cor. Entre as que registraram o caso em hospitais públicos estaduais, a maioria não informou o nível de escolaridade (54,9%); 10,5% estudaram da quinta à oitava série incompleta do ensino fundamental e 10,3% tinham ensino médio completo.

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O estudo ainda terá uma segunda fase, com análise quantitativa e, segundo Janaína Ferreira, um dos objetivos dos especialistas é entender o porquê de alguns município não terem nenhuma notificação. O Rio de Janeiro é o município com maior número de vítimas notificadas na rede de saúde..

— Temos que entender alguns vazios do mapa. O Rio de Janeiro tem o maior número porque aqui mora mais gente. Mas temos que investigar melhor para entender porque alguns lugares não têm nenhum registro e outros têm tantos. Será que as vítimas não procuram os hospitais, será que os hospitais não notificam? — questiona Janaína Fernandes, que dividiu a pesquisa com Marco Aurélio Ruediger.

 

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